Estudo analisa tratamentos contra leishmaniose visceral

De acordo com o Ministério da Saúde, a leishmaniose era uma doença tradicionalmente ligada à vida de perfil rural, mas recentemente vem se expandindo para áreas urbanas de cidades de médio e grande portes, tornando-se um problema de saúde pública no país

07.11.2014

Responsável por cerca de 350 mortes anuais no Brasil, a leishmaniose visceral teve seu tratamento sistematicamente avaliado pela primeira vez após 50 anos de aplicação no país. O estudo, realizado desde 2011 foi resultado de uma demanda do Ministério da Saúde, a qual foi atendida por um grupo de pesquisadores de cinco universidades e centros de pequisa localizados nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, em parceria com a Drug for Neglected Diseases initiative, sob a coordenação do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília, membro do Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde (IATS ). Os primeiros resultados da pesquisa , revelaram que um dos quatro tipos de tratamento utilizados para combater a doença deveria ter o seu uso restrito, pelo risco de piorar a condição de saúde do paciente, em virtude da alta toxidade. Mais que isso, o estudo reforçou o entendimento de que a limitação da toxicidade associada ao uso dos medicamentos contribui para evitar as mortes decorrentes da leishmaniose visceral. “Em condições ideais todos os óbitos por leishmaniose visceral poderiam ser evitados com diagnóstico oportuno e tratamento adequados”, define o pesquisador Gustavo Romero, co-autor do trabalho de pesquisa do IATS, na Universidade de Brasília.

Segundo ele, a leishmaniose visceral é uma doença que afeta principalmente populações pobres e que contribui substancialmente para a perpetuação do ciclo pobreza-doença-pobreza. “Após 50 anos de uso, os medicamentos para o tratamento da leishmaniose visceral no Brasil não tinham sido avaliados por meio de um ensaio clínico adequado e as novas formulações dos antigos medicamentos tampouco tinham sido avaliadas”, conta Romero. O pesquisador relata que o ensaio clínico em fase de conclusão comparou , os resultados dos tratamentos com “anfotericina B lipossomal”, “antimoniato de meglumina”, a combinação de “anfotericina B lipossomal e antimoniato de meglumina”, além do “desoxicolato de anfotericina B”.

Romero explica que o estudo permitiu a identificação do tratamento com o melhor perfil de segurança. “Os resultados preliminares serviram de base para a tomada de decisão do Ministério da Saúde para restringir o uso do desoxicolato de anfotericina B, que demonstrou maior toxicidade. “Também apontaram caminho para a decisão de ampliar a indicação de anfotericina B lipossomal, por ser considerado o medicamento eficaz e mais seguro”, comenta Romero.

O pesquisador afirma que o modelo empregado na pesquisa e os resultados obtidos servirão como importante referência para a América Latina, por conta das semelhanças socioeconômicas e infraestruturais entre os países do continente. A leishmaniose visceral é uma doença parasitária causada por protozoário e transmitida pela picada de um inseto, conhecido popularmente como mosquito-palha ou cangalhinha que se infecta ao picar animais infectados, dentre os quais se destaca o cão no ambiente doméstico.

De acordo com o Ministério da Saúde, a leishmaniose era uma doença tradicionalmente ligada à vida de perfil rural, mas recentemente vem se expandindo para áreas urbanas de cidades de médio e grande portes, tornando-se um crescente problema de saúde pública no país e em outras áreas do continente americano. Gustavo Romero salienta que a urbanização da doença pode ser favorecida pelas condições precárias na periferia das grandes cidades onde o convívio de humanos e animais em ambientes onde a falta de saneamento saneamento e concentrações de lixo favorecem a proliferação do inseto vetor.

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