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Coren-DF participa de fiscalização conjunta em hospital

Faltam equipamentos, manutenção, insumos e profissionais; situação compromete a assistência no Hospital Regional do Paranoá

20.09.2016

A fiscalização do Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF), junto com outros conselhos profissionais de saúde, inspecionou o Hospital Regional do Paranoá em 30 de agosto. As enfermeiras fiscais se depararam com equipamentos sem manutenção, falta de vários insumos, problemas na operação do prontuário eletrônico dos pacientes e deficit de profissionais de enfermagem impedindo a abertura de leitos, principalmente na clínica médica.

Durante a vistoria da UTI, fiscais constataram que a equipe de enfermagem não lança no sistema de prontuário eletrônico os controles de sinais vitais, medidas antropométricas, balanço hídrico, assim como não marca a opção executada nos medicamentos administrados aos pacientes. O acompanhamento das informações é feito por meio de folhas impressas. “Isso é um problema seríssimo. Se o paciente for transferido de hospital, os dados não estarão disponíveis. Em caso de processo ético ou judicial, é o prontuário eletrônico que comprova o atendimento prestado”, explicou a enfermeira fiscal Juscélia Rezende à enfermeira supervisora da UTI adulto.

A falta de computadores foi apontada pela chefia como uma das dificuldades para atualizar o prontuário eletrônico. São poucos terminais disponíveis para uso por vários membros da equipe multidisciplinar, como médicos, residentes e profissionais de enfermagem. A supervisora foi orientada a formalizar a solicitação dos equipamentos à direção do hospital e definir horários para que cada área de assistência possa preencher o prontuário. No controle de medicamentos do carrinho de emergência, as fiscais cobraram o registro de data, assinatura e identificação dos servidores, conforme determina o código de ética da enfermagem.

Equipamentos sem manutenção

hrpafiscconj_foto1Em todos os setores fiscalizados, era constante encontrar equipamentos sem contrato de manutenção corretiva ou preventiva. O “empréstimo” de ventiladores e monitores entre unidades tenta suprir o desfalque causado por máquinas quebradas, uma vez que os equipamentos de reserva já estão em uso ou precisando de reparos.

No pronto-socorro, há somente um respirador para atender a demanda. No momento da fiscalização, uma paciente era ventilada por meio de reanimador manual (ambu), pois o respirador era usado em outro enfermo. No box de traumatologia, cada um dos dois leitos é equipado com um monitor multiparamétrico. No entanto, a supervisora do setor informou que, se outro paciente der entrada na emergência, algum ficará desassistido por ceder o monitor.

Documentos obtidos pela fiscalização do Coren-DF mostram também que a clínica ortopédica sofre com a falta de bomba de infusão, oxímetro, monitor multiparâmetros, esfigmomanômetro, eletrodos para realização de eletrocardiograma. Em um memorando de julho, a coordenação do setor informa a ocorrência de três apagões à noite e dois na manhã seguinte, atingindo o posto de enfermagem, a sala de medicação e a copa. Acionada, a equipe de manutenção avaliou ser necessário a troca do disjuntor.

Insumos em falta

A lista de produtos e medicamentos em falta é extensa no Hospital do Paranoá. Profissionais do pronto-socorro apontam falta de lençóis e vestimentas – reclamação comum em todo o hospital. “Há dias em que não damos banho no paciente porque não há roupa de cama para fazer a troca”, relatou uma técnica de enfermagem. A escassez desses insumos pode aumentar o risco de infecções.

No setor, não há ar-condicionado, e as luzes são desligadas durante o dia para amenizar o calor. Além de lençóis, não há capotes na maioria das unidades fiscalizadas, obrigando servidores a usar equipamentos protetores descartáveis por até uma semana, ou manter um por leito para que os profissionais se revezem na assistência ao paciente, como registrado na UTI.

hrpafiscconj_foto2Outro problema encontrado no pronto-socorro é a falta de cadeira de rodas para levar pacientes para fazer exames – eles são levados em uma cadeira de banho. Recentemente, segundo relato dos próprios profissionais, faltou algodão no setor, e foram usadas gazes, um produto mais caro, em substituição.

Já entre os medicamentos, funcionários enumeraram que não há omeprazol IV, benzetacil, dimeticona, simeticona, ácido fólico e sedativos. Exames de cultura e coagulograma também não estão sendo feitos no hospital.

Horas extras completam escalas

No pronto-socorro infantil, a classificação de risco só é feita à tarde e à noite, com pagamento de hora extra, por falta de pessoal. A sala de vacinas está sob a responsabilidade dos enfermeiros do PS infantil e só é aberta quando necessário, já que não há profissional fixo para o local.

Em alguns setores, a escala só é fechada com o pagamento de horas extras ou com o remanejamento de profissionais de enfermagem de um setor para outro, a fim de não comprometer a assistência. Só em agosto, foram liberadas mais de duas mil horas extras para enfermeiros e cerca de 4,3 mil horas extras para técnicos de enfermagem do Hospital do Paranoá. “O custo dessas horas extras para os cofres públicos é muito alto. Há concursados aguardando na lista de espera, o gasto com eles seria menor”, analisa a enfermeira fiscal Lorenna Melo.

O relatório produzido pelo Departamento de Fiscalização do Coren-DF será encaminhado para a gerência de enfermagem do HRPa, com prazos para regularizações possíveis, e para o Ministério Público do Distrito Federal, juntamente com as constatações dos outros conselhos profissionais.Segundo dados do próprio hospital, existem 206 leitos ativos e 33 bloqueados por falta de profissionais e equipamentos, metade deles só na clínica médica. Na sala de expurgo do pronto-socorro, por exemplo, há apenas uma profissional com jornada de 20 horas semanais, o que é insuficiente para executar o serviço, resultando no acúmulo de material sujo por dias.

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