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Brasil volta ao ranking de países com vacinação infantil crítica

Brasil havia deixado a lista em 2023, com o avanço nas imunizações, mas número de crianças não vacinadas contra a DTP voltou a subir. Relatório da OMS e Unicef revela aumento global modesto e tendência de estagnação

15.07.2025

Brasil havia deixado o ranking no ano passado, com a retomada das campanhas e o Movimento Nacional pela Vacinação (Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro)

O Brasil retornou ao ranking de países com alto número de crianças não-vacinadas. O relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Unicef utiliza a vacina tríplice bacteriana, que protege contra tétano, difteria e coqueluche, como indicador de acesso a imunização e serviços de Saúde. O país havia deixado o ranking após a retomada das campanhas vacinais, em 2023.

“A queda na vacinação é preocupante”, afirma Ivone Amazonas, coordenadora da Câmara Técnica de Enfermagem em Saúde do Neonato e da Criança do Cofen. Em 2023, eram 103 mil brasileirinhos não vacinados; o total chegou a 229 mil em 2024. O Programa Nacional de Imunização (PNI) inclui administração da pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae aos 2, 4 e 6 meses. A vacina DTP é administrada aos 15 meses e aos 4 anos, como reforço. 

“É preciso mapear as razões desses bebês não estarem sendo vacinados e adotar estratégias para chegar a essas famílias” , afirma Ivone. As gestantes devem ser imunizadas com a DTPa, também disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). A estratégia tem efeito protetivo sobre os recém-nascidos.

A eficácia da vacina em reduzir a circulação e gravidade de doenças pode levar a uma percepção equivocada de segurança. “A vacinação reduziu os casos, mas são doenças graves, ainda em circulação”, reforça Ivone.

O Brasil registrou mais de 7.440 casos confirmados de coqueluche em 2024. Denominada popularmente “tosse comprida”, a coqueluche se caracteriza por crises de tosse seca incontroláveis, intercaladas com a ingestão de ar, que podem provocar um som agudo, similar guincho ou chiado. 

Chamado “mal de 7 dias” pela alta incidência neonatal e letalidade, o tétano permeia o imaginário popular. A vacina reduziu drasticamente os casos, mas não eliminou a doença. Em 2022, 2023 e 2024 foram confirmados 188, 205 e 219 casos de tétano no Brasil, quase todos entre idosos e adultos. A letalidade permanece altíssima: 26,60%, 29,27% e 26,94%.

A última morte confirmada por difteria no Brasil aconteceu em 2017, em Roraima/Boa Vista, de uma criança de 10 anos proveniente da Venezuela.

Crianças refugiadas exibem cartão de vacina no Iemen. Conflitos e crises humanitárias afetam vacinação (Divulgação/Unicef)

Estagnação da cobertura vacinal no mundo

Nove em cada dez crianças receberam pelo menos uma dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche, e 85% completaram as três doses. Outras 5,6 milhões estão parcialmente vacinadas. 

Dentre os 195 países analisados, 131 países mantiveram, de forma consistente, a taxa vacinal acima de 90% para primeira dose da vacina DTP desde 2019. Não houve, porém, expansão significativa desta grupo. Dentre os países que alcançaram a meta mínima de 90% de cobertura, somente 17 conseguiram aumentar suas taxas de cobertura nos últimos cinco anos. Em 47 países, o progresso está estagnado ou piorando. 

Acesso desigual

Em todo o mundo, são 14,3 milhões de crianças que não receberam sequer uma dose da tríplice bacteriana. Mais da metade (55%) dessas crianças vivem em 10 países: Afeganistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Índia, Indonésia, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Sudão e Iêmen.

“Os dados mostram que conflitos e crises humanitárias podem erodia rapidamente o progresso na vacinação”, afirma comunicado da Organização Mundial de Saúde. Há, porém, avanços. A cobertura de imunização nos 57 países de baixa renda apoiados pela iniciativa global Gavi  melhorou no ano passado.

A cobertura contra sarampo permanece crítica. Em 2024, 84% das crianças de 2 anos tinham recebido uma dose da vacina e 76% haviam recebido duas doses. 191 países incluem o sarampo em seu calendário vacinal. 

A cobertura vacinal para febre amarela em países de risco foi de apenas 50%, bem abaixo da recomendação de 80%. O relatório aponta, ainda, a eficácia da vacina contra malária na prevenção de mortes e recomenda sua expansão. A doença ainda é uma causa significativa de morte de crianças na África subsaariana. 

O relatório aponta uma cobertura vacina de 31% da vacina contra HPV entre meninas, um avanço significativo em relação aos 17% registrados em 2019, mas ainda distante do alvo de 90% em 2030. O HPV é responsável por quase 100% dos casos de câncer do colo do útero, o terceiro tipo de câncer mais incidente entre as mulheres brasileiras. Além disso, o vírus pode causar câncer no ânus, pênis, vagina e garganta. 

Enfermagem e a vacinação 

A Enfermagem tem um papel histórico como “guardiã” das vacinas no Brasil. É responsável pela gestão da cadeia de frios, administração, prescrição de vacinas e acompanhamento de seus efeitos adversos, além da busca ativa e elaboração de estratégias para ampliar a vacinas nos territórios. São 35 mil salas de vacina, coordenadas por enfermeiros, em todo o território nacional.  

 

 

Fonte: Ascom/Cofen - Clara Fagundes

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