Congresso do CREM fortalece alianças regionais e posiciona Enfermagem como força central da saúde pública

Evento foi organizado pela Federação Argentina de Enfermagem (FAE), com apoio institucional do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen)

05.07.2025

Manoel Neri destacou a capilaridade única da Enfermagem no sistema de saúde, presente em todos os níveis de atenção e em todas as regiões do país

Diante de desafios comuns enfrentados pelos sistemas de saúde da América do Sul — como a escassez de profissionais, a insuficiência na qualificação, as desigualdades no acesso aos serviços e a crescente complexidade da atenção —, a integração entre as instituições de Enfermagem do Mercosul tem se consolidado como uma estratégia fundamental.

Por meio da cooperação técnica, científica, política e social entre os países-membros, o Conselho Regional de Enfermagem do Mercosul (CREM) vem promovendo debates estruturantes para a valorização da categoria e a consolidação do direito à saúde como bem coletivo. Esse compromisso foi reafirmado nesta quinta-feira (4/07), em Córdoba, na Argentina, com o encerramento do II Congresso do CREM — evento organizado pela Federação Argentina de Enfermagem (FAE), com apoio institucional do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).

A programação do último dia foi marcada por discussões sobre temas centrais para o futuro da profissão. A conferência de abertura, intitulada “A liderança da Enfermagem no Mercosul”, foi ministrada por María Concepción Chávez Ortigoza, presidente da Federação Pan-Americana de Profissionais de Enfermagem (FEPEN). Em sua fala, destacou a importância de lideranças éticas, sensíveis e comprometidas com a equidade. “É preciso liderar com empatia, compromisso e conhecimento científico, colocando o cuidado como princípio estruturante das políticas públicas”, afirmou.

Na sequência, a mesa-redonda “O horizonte da pesquisa em Enfermagem no Mercosul”, coordenada por Josías Neves Ribeiro, conselheiro do Cofen, reuniu pesquisadoras dos quatro países para discutir o papel da produção científica na qualificação da prática profissional e na formulação de políticas de saúde. Participaram Valeria Soria (Argentina), Ellen Marcia Peres, conselheira do Cofen (Brasil), Tania Samaniego (Paraguai) e Valeria Quintero (Uruguai). O debate reforçou a relevância da pós-graduação stricto sensu, da cooperação acadêmica e do fortalecimento das redes de pesquisa regionais.

Presidente da FAE, Claudia Moreno, agradeceu a presença das delegações e celebrou o fortalecimento da cooperação regional

A mesa-redonda “Gestão de riscos nas organizações profissionais” foi coordenada por Griselda Carmen Delgado e contou com as participações de Sonia Gomez (Argentina), Sérgio Aparecido, presidente do Coren-SP (Brasil), Mirna Gallardo (Paraguai) e Silvia Santana (Uruguai). Os palestrantes apresentaram experiências voltadas à governança, à segurança institucional e à fiscalização ética. As exposições evidenciaram o papel estratégico das organizações profissionais na construção de ambientes regulatórios mais modernos, seguros e eficientes.

Durante a cerimônia de encerramento, a presidente da FAE, Claudia Moreno, agradeceu a presença das delegações e celebrou o fortalecimento da cooperação regional “Estamos unindo vozes, conhecimentos e experiências para que a Enfermagem ocupe o lugar que merece nos nossos sistemas de saúde. Esse Congresso é um marco de compromisso coletivo”, declarou.

O presidente do Cofen, Manoel Neri, participou da mesa de encerramento com o tema “Para onde caminha a Enfermagem no Mercosul?”, ao lado dos demais representantes das entidades que integram o CREM. Neri ressaltou que a construção de uma Enfermagem mais forte depende da escuta ativa, do diálogo técnico e do compromisso compartilhado com a saúde pública. “É por meio da integração regional que conseguimos criar soluções duradouras para os desafios que enfrentamos nos diversos contextos. Saímos deste congresso ainda mais fortalecidos e comprometidos com a transformação que a nossa profissão precisa”, afirmou.

Neri também destacou a capilaridade única da Enfermagem no sistema de saúde, presente em todos os níveis de atenção e em todas as regiões do país, do interior aos grandes centros urbanos. “Não há outra profissão com essa abrangência e inserção social. Além disso, temos avançado fortemente na qualificação profissional, com um número crescente de enfermeiros ingressando em programas de mestrado e doutorado, o que fortalece ainda mais a produção científica na área”, acrescentou.

O ministro da Saúde da província de Córdoba, Ricardo Pieckenstainer, também participou do congresso. Ele ressaltou a importância da Enfermagem como pilar da atenção em saúde e elogiou a articulação regional promovida pelo congresso. “A saúde não se constrói de forma isolada, mas sim com colaboração, escuta e valorização de quem está na linha de frente do cuidado”, afirmou.

Congresso do CREM foi encerrado com a reafirmação dos compromissos firmados entre os países, que defenderam a necessidade de fortalecer o diálogo permanente

Ao final, o presidente do Cofen apresentou aos representantes do bloco a Anna, nova ferramenta de inteligência artificial desenvolvida pelo Conselho, que será utilizada para modernizar o atendimento aos profissionais de Enfermagem e ampliar o acesso à informação qualificada. Na ocasião, também anunciou que a nova sede do Cofen contará com uma sala institucional dedicada aos membros do CREM, como forma de fortalecer a articulação regional e reafirmar o compromisso do Brasil com a integração no Mercosul.

O II Congresso do CREM foi encerrado com a reafirmação dos compromissos firmados entre os países, que defenderam a necessidade de fortalecer o diálogo permanente, qualificar continuamente os profissionais e promover a integração institucional como pilares para uma Enfermagem mais ética, valorizada e protagonista no cenário regional.

Fonte: Ascom/Cofen

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