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Distrito Federal tem recorde de afastamentos por ansiedade

Longas jornadas, baixa remuneração e contato constante com o sofrimento humano agravam o quadro entre profissionais de Saúde

30.09.2025

O Distrito Federal registrou o maior índice de afastamento por transtornos mentais no ano passado. A unidade federativa ficou em primeiro lugar em afastamentos do trabalho por número de habitantes. Foram mais de 14 mil licenças médicas, mais de 5 mil por ansiedade e mais de 3 mil por depressão, segundo o Ministério da Previdência Social. 

Segundo a enfermeira Dorisdaia Humerez, ex-conselheira do Cofen e doutora em saúde mental, os estudos já haviam mostrado aumento nos números e alertava: “esse é o século da depressão.” O crescimento vem sendo observado desde o final do século passado, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertava sobre o cuidado com a saúde mental. 

Dorisdaia explica que a situação atinge especialmente os profissionais de Enfermagem, por lidarem com o adoecimento, pressão e condições adversas de trabalho. “Os profissionais da Saúde já mantinham dados maiores que da população geral em quadros de ansiedade, depressão e tentativas de suicídio, que seguem aumentando na profissão”, afirma.

A professora Dorisdaia destaca que sobrecarga de trabalho e a falta de reconhecimento estão entre os principais fatores. “Há diferenças significativas nos fatores de risco entre profissionais da Enfermagem e demais trabalhadores de saúde e de outras áreas, pois cuidam do sofrimento humano, a dor, a morte é escancarada a todo momento e estabelecem vínculos com pacientes.”

Longas jornadas, baixa remuneração e contato constante com o sofrimento humano agravam o quadro

Longas jornadas e baixa remuneração também afetam Saúde Mental

A carga horária de 44 horas semanais, distribuídas em uma escala 6×1, comum entre os profissionais, é prejudicial para a saúde do trabalhador, contribuindo para a precarização da saúde mental. Segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em dados veiculados pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), houve 209.124 afastamentos do trabalho decorrentes de transtornos mentais em 2022. 

A luta pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 19/2024, que propõe a regulamentação da jornada de trabalho de 30 horas semanais para a Enfermagem, é central na luta contra excesso de atribuições, baixa remuneração, infraestrutura inadequada, longa jornada de trabalho e qualidade da assistência prestada no SUS. 

“O trabalhador da Saúde aprendeu que deve fazer tudo para a pessoa e a instituição: atender o máximo de pessoas para gerar lucro, uma lógica produtivista que chega, inclusive, no SUS.  Isso gera um desconforto ao trabalhador, mesmo ele não tendo essa clareza no cotidiano”, reitera Dorisdaia.

Estratégias de prevenção 

As instituições de saúde podem melhorar a realidade dos trabalhadores com turnos e salários mais adequados, uma luta que o sistema Cofen/Conselhos Regionais, através de estratégias de prevenção está à frente.

Desde 2020, com o projeto Enfermagem Solidária, o Cofen oferece atendimento emocional aos profissionais de Enfermagem.  Criado durante a pandemia de covid-19, o programa está hoje disponível na plataforma Cofenplay, de 8h às 20h . Enfermeiros especialistas em saúde mental auxiliam voluntariamente profissionais de Enfermagem que necessitam de apoio emocional.

O conselheiro Josias Ribeiro ressalta que trata-se de um problema grave, que afeta diretamente a qualidade da assistência prestada. “Um profissional que atua sob constante risco de violência adoece mais, acumula sofrimento psíquico e pode desenvolver quadros de ansiedade, depressão ou estresse pós-traumático. O impacto chega também à população, que perde em cuidado, eficiência e continuidade no atendimento.”

 

Fonte: Ascom/Cofen - Mariana Abuchain

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