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Em entrevista, Osternberg destaca papel das enfermeiras na segurança hospitalar

Membro da Joint International (JCI), agência de avaliação de qualidade e segurança em hospitais, americano veio ao Rio para o congresso.

20.10.2015

Paul vanOstenberg ajudou a escrever a primeira norma que proíba cigarros em hospitais – Ana Branco / Agência O Globo
Paul vanOstenberg ajudou a escrever a primeira norma que proíba cigarros em hospitais – Ana Branco / Agência O Globo

“Nasci em Michigan e vivo em Chicago. Formei-me dentista na Flórida em primeiro lugar na turma, mas não passei nos exames da ordem. Foi ótimo: comecei a trabalhar em hospitais e me dediquei a ajudar na criação de padrões de segurança e de cuidados com o paciente. Hoje viajo o mundo todo adotando esses padrões”

Conte algo que não sei

Na China, médicos são treinados para não fazer contato visual com o paciente. São três minutos de consulta. Com bilhões de pessoas para tratar… E as clínicas ficam abertas 24 horas!

Isso só acontece na China?

Infelizmente, não. O Computador está substituindo a conversa. O médio, ao digitar, fica sentado praticamente de costas. Ele deveria simplesmente deixar o paciente falar, em vez de metralhá-lo com perguntas.

O paciente não é ouvido?

Um paciente deveria sempre dar o seu consentimento para uma cirurgia. Não uma assinatura. Uma conversa. Eu, como cirurgião, explico a você o que vai ser feito. E você faz perguntas à vontade.

Como terminam estas consultas curtas?

Como uma receita que, na maior parte as vezes, é um antibiótico. O que fortalece bastante as bactérias.

O que é ‘acreditação’?

É uma forma de avaliar a qualidade e a segurança hospitalares face a padrões internacionais. Na França, a acreditação é obrigatória. Na Alemanha, nem tanto, No Brasil é voluntária.

Por que há muito mais mulheres que homens aqui, num evento sobre acreditação?

É típico: os doutores estão ocupados. Esse pessoal aqui é altamente treinado: são enfermeiras de primeira linha, que têm avançado em cuidados e segurança. As enfermeiras estão muito além dos médicos. Em alguns países, obtêm o mesmo status. Podem ter consultório, fazer diagnósticos e receitar.

As pessoas estão mais doentes ou é a tecnologia?

As duas coisas. Meus avós morreriam de “causas naturais”. Tenho certeza que eles tiveram problemas de coração ou câncer. Com detecção moderna e novas terapias dá para manter uma pessoa viva por muito tempo, mas com que qualidade de vida? O paciente gasta mais dinheiro com saúde nos seus últimos meses de vida do que em toda a vida anterior.

Vale a pena?

São mantidos vivos com um quadro de câncer usando drogas experimentais a US$ 10 mil cada dose. E passam mal. Ficam acamados, não podem sair. A comunidade médica tem medo de falhar. E ninguém pergunta o que de fato interessa ao doente.

Medo de processo?

Se desconfio que algo está errado com você eu não vou pedir um exame. Vou solicitar dez exames. Isso sai caro.

É verdade que pretende vir morar no Brasil?

Aqui há tempo quente e água. Hoje acorde às 6 foi andar à praia. Moro em Chicago, em frente ao Lago Michigan, que congela. Temos neve até o peito. O Rio é perigoso, mas Chicago também. Lá temos entre 15 e 20 assassinatos por fim de semana. Eles entram em teatros, cinemas e até em hospitais para matar.

Qual a situação de maior impacto que o senhor viu?

Quando comecei, todos fumavam nos hospitais. O cirurgião cortava o paciente e a enfermeira segurava o cigarro. Ajudei a escrever a primeira norma que estipulava que não se deveria fumar em hospitais.

Como lidar com um parente que esquece tudo, doutor?

Sempre manter a calma e mostrar seu amor. E olhar para cada um como um ser humano igual a você, que merece o mesmo respeito que quer para si.

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