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Técnica de Enfermagem desenvolve simulador inédito de hemodiálise com reconhecimento internacional

Simulador desenvolvido por Renata Cândido da Silva representa alternativa segura e humanizada à formação tradicional em nefrologia

02.06.2025

Renata Cândido da Silva no Fórum de Empreendedorismo Feminino na Rússia. Foto: Arquivo Pessoal
Renata Cândido da Silva no Fórum de Empreendedorismo Feminino na Rússia. Foto: Arquivo Pessoal

A técnica de Enfermagem Renata Cândido da Silva, com quase duas décadas de atuação na área da saúde e prestes a concluir sua graduação em Enfermagem, idealizou uma inovação que vem ampliando os horizontes da prática assistencial no Brasil. Trata-se do simulador ISHÁ, primeiro equipamento nacional de hemodiálise com circulação extracorpórea realística, criado para proporcionar uma formação mais segura, ética e eficiente a profissionais da área. Em 2024, a invenção foi apresentada no Fórum de Empreendedorismo Feminino dos BRICS, realizado na Rússia, e projetou o nome da Enfermagem brasileira no cenário internacional.

A ideia do simulador surgiu a partir de uma inquietação recorrente na rotina hospitalar. Mesmo sem atuar diretamente na área de nefrologia, Renata observava, com desconforto, que muitos profissionais, inclusive ela, aprendiam diretamente com pacientes, em procedimentos complexos e sensíveis como a hemodiálise, sem a preparação técnica ideal. “Essa realidade me incomodava profundamente. Por que estamos expondo pacientes a riscos quando poderíamos ensinar de forma mais segura?”, recorda.

Movida por esse questionamento, Renata deu início ao desenvolvimento de um protótipo. O primeiro modelo, batizado carinhosamente de Eva 1, consistia em um manequim com sistema circulatório artificial capaz de simular fielmente uma sessão de hemodiálise. Com apoio de programas de incentivo à inovação, como o Sebraetec e a Fundação Araucária, a empreendedora buscou validação científica, registrou a patente e iniciou o processo de desenvolvimento. A patente da tecnologia foi oficialmente deferida em maio de 2024, após cinco anos de tramitação.

“Era como se Deus estivesse me mostrando que era possível ensinar sem causar sofrimento, sem colocar vidas em risco”, relata Renata. 

A solução apresenta impacto direto na qualificação profissional: com o ISHÁ, o tempo de capacitação pode ser reduzido de 90 para apenas 15 dias, o que diminui não só os custos operacionais, como também os riscos e constrangimentos associados ao aprendizado direto com pacientes.

O reconhecimento à proposta inovadora veio em escala global. A startup idealizada por Renata foi finalista do BRICS Women’s Startups Contest, concurso que destaca iniciativas lideradas por mulheres empreendedoras com soluções tecnológicas para desafios contemporâneos. A classificação garantiu à equipe a participação no fórum internacional em Moscou, onde a startup foi recebida pelo embaixador do Brasil e pôde apresentar o simulador a representantes de 26 países.

Durante a missão, estabeleceu-se diálogo com centros de pesquisa e empresas interessadas em parcerias para a comercialização do simulador, incluindo tratativas com um parque tecnológico para aquisição de sangue artificial — insumo essencial para o uso didático da tecnologia. “O momento foi marcante. Levar a força da Enfermagem brasileira ao Parque Tecnológico de Skolkovo, ao lado de cientistas de diversas nacionalidades, mostra que temos competência técnica e soluções práticas para desafios globais”, afirma Renata.

Registro da visita da Ishá à Embaixada do Brasil na Rússia. Foto: Arquivo Pessoal.
Registro da visita de Renata Cândida  à Embaixada do Brasil na Rússia. Foto: Arquivo Pessoal

A inovação não se limita ao modelo inicial. A equipe já desenvolveu novas versões, como um braço com frêmito e pulsos puncionáveis e até um simulador veterinário — um cão batizado de Roy, que possibilita treinamento em hemodiálise animal. A expectativa é iniciar a produção comercial em novembro deste ano, com capacidade inicial de 50 unidades por mês. Haverá também oferta de componentes fracionados, como tronco e membros, ampliando a versatilidade do treinamento.

Todo o lucro obtido com os treinamentos é reinvestido no aprimoramento dos simuladores. Até o momento, a startup já captou cerca de R$ 300 mil por meio de editais de inovação, consolidando-se como um exemplo de sustentabilidade e impacto social no ecossistema da saúde.

O projeto ISHÁ avança ainda mais: está em fase de estruturação a primeira pós-graduação em Nefrologia com Simulação Realística do Brasil, com lançamento previsto para 2025, assim como a instalação do Centro de Simulação Realística de Nefrologia, que funcionará no Paraná como polo de referência na capacitação de profissionais da área.

Para Renata, a inovação carrega um significado que vai além da tecnologia: trata-se de uma ferramenta de transformação da prática, de valorização da profissão e de fortalecimento da segurança do paciente. “Nós temos conhecimento, criatividade e capacidade de inovar. O mundo precisa conhecer o que fazemos aqui. Essa foi apenas uma das muitas fronteiras que vamos atravessar”, finaliza.

 

Fonte: Ascom/Cofen

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